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A mostrar mensagens de agosto, 2015

ZERO

Há dias com um triste gosto a nada, em que a vida parece ter sido multiplicada por zero; mas pelo contrário, há dias em que nos levantamos da cama ao ritmo de uma contagem em Cabo Canaveral… dez, nove… dois, um, zero… e mais ninguém nos segura por entre a energia de conquistar tudo, e até conseguimos chegar à lua. Tudo sem que o zero deixe de ser zero e sem que a nossa vida também deixe de o ser. Há dias em que nos sentimos um zero sentado à esquerda de qualquer coisa, anónimos e indiferentes personagens numa multidão que passa e para a qual não contamos absolutamente nada; mas há dias em que somos um zero à direita daquilo que ambicionamos, e então valemos por dez com força para mudarmos o mundo. E se for preciso ainda somamos mais zeros porque temos ganas de infinito. E o zero é nada como pode ser o infinito… Tal qual a vida, bastando que nos coloquemos sempre do lado correcto, do lado que nos faz maiores, que nos coloquemos onde, quando e com quem poderemos elevar-nos e el

YES

Gosto do sim que se pressente numa manhã solarenga e perfumada de Verão quando abro a janela depois de me ter despertado a trautear uma canção daquelas que não esqueço nunca, uma música com latitude e longitude no universo de tudo o que eu já vivi. Gosto tanto do sabor que o sim da decisão deixa à solta na minha boca depois do passo em frente em direcção ao sonho e à minha vontade. Gosto da coragem de um sim honesto e livre mas diferente, sobretudo quando seria expectável o fácil vazio do disfarce de um não. Gosto do sim soletrado pelo eco de um poema que parece semear um canteiro de flores dentro de mim. Gosto do sim expresso por uma rosa, por um entardecer na praia, por um poente… ao tanto da minha fé. Gosto do sim de uma gargalhada, do sim de um copo de tinto, do sim do abraço de um amigo… para a festa de tornar felizes os dias de viver. Gosto muito quando o sim espreita doce à janela do teu olhar e o instante que se segue traz com ele a dimensão perfeita de um beijo q

WATER

No dia largo de um Julho ainda a começar, o sol a pique sobre as sete colinas, o repicar alegre dos sinos nas torres das igrejas e dos mosteiros, o burburinho da gente nos mercados da cidade, o pregão e a notícia que corre pelas esquinas… Nós tomámos as naus em nossas mãos, e alinhando as águas e os ventos com a vontade, soltámos as velas, deixámos no cais o peito dos amores tolhidos pela mágoa, e contra a voz dos incrédulos, dos “velhos”, e por entre a tão lusa saudade, partimos do Restelo... O Tejo, a barra, e finalmente o mar. De Lisboa, a genética dos heróis inscrita na letra de um fado em tom maior, tão grande quanto a ambição que não cabe aqui; que um povo é do tamanho daquilo que a sua alma sonha, muito mais do que da terra inscrita entre as suas fronteiras. Seguimos com Vasco da Gama; e com uma imensa garra, ao mar nos fazemos… pela fé, pela glória do império, por pimenta, gengibre, cravo, canela e açafrão. Sem temores, desprezando mostrengos e adamastores, na cumpl

RESILIÊNCIA

Há dias assim, como hoje, manhãs envoltas por esta neblina que não me deixa ver o mar e apreciar-lhe o tom azul, sentir o sol; e depois quiçá avançar pela areia que sinto arrefecer à medida que me aproximo do abraço das ondas, para me oferecer a mim próprio um mergulho nas águas perfeitas do Atlântico. Trouxe a mochila, o guarda-sol, a cadeira que se regula na inclinação das costas para que eu possa ler ou adormecer deitado, trouxe uma toalha colorida, um livro, um caderno, uma esferográfica, algumas maçãs e uma garrafa de água bem fresca. Não desisto. A areia está húmida por efeito de umas pequenas gotículas frescas que caem e eu sento-me na cadeira e debaixo do guarda-sol que para já me protege… da chuva. Ofereci um ângulo de noventa graus às costas da cadeira relativamente ao assento, e estou em óptima posição para escrever. A toalha, pu-la a cobrir-me parte das pernas e a resguardar-me da aragem fria. Puxo do bloco e da esferográfica enquanto reparo que está bandeira am

VIVER

Vivo por tanto e tão pouco por respirar. Vivo no sim e no não que amordaçam a sensaboria morna de um talvez ou de uma decisão eternamente adiada. Vivo nas páginas de um livro que me traz o mundo, ou então numa viagem para perto ou para longe, mas que me leva sempre até tantos e novos mundos. Vivo nas asas de pássaros de um poema de Pessoa, no mar de Sophia; nos contornos impossíveis da voz de Amália, no timbre e no mel de Bethânia e Caetano, num filme de Almodovar, numa gargalhada do Herman, num passe do Ronaldo, num golo do Benfica. Vivo nos contornos todos do abraço de um amigo, na melodia de um beijo, numa conversa de esplanada, no café com gelo tomado à beira mar, numa pausa à sombra de um sobreiro, na água bebida com as mãos em concha na bênção de uma fonte, nos pés imersos no fresco correr de um rio, numa foto, nas palavras que descubro por entre a magia e os mistérios de um poente. Vivo num serão "ao colo" dos meus pais, no pequeno-almoço à mesa com a famíl

UNIÃO

Sentado sozinho na esplanada, apercebo-me que há um homem próximo de mim que assobia num tom dolente de suspiro, um airoso modo de disfarce para as palavras que guarda e não pode dizer a ninguém. Ofereço-lhe por momentos o olhar, e vejo como o tom asa de corvo do seu cabelo não cumpre nem de perto nem de longe, o objectivo de calar o tempo. E devolvo-me ao bloco onde escrevo. Algures pelos finais dos anos setenta, o Dr. Manuel Inácio Pestana vai dar uma conferência no salão da Sociedade Artística Calipolense; um serão diferente a que eu e os meus amigos não faltamos de bloco de apontamentos e caneta, não vá o prelector revelar localizações de subterrâneos que guardem tesouros capazes de nos tornar tão famosos quanto os cinco da Enyd Blyton. Já na viragem para os anos oitenta, a Vila pára à hora da telenovela, e nós, já adolescentes da "Turma do Clerasil", encontramo-nos na Corredora, na garagem da Casa Paroquial para as reuniões de um grupo que baptizámos de "S

TRAVESSEIRO

Na cama dos nossos pais existia um travesseiro a toda a largura da cabeceira, em cima do qual se colocavam depois duas pequenas almofadas individuais que davam uma identidade a cada um dos lados do leito; se bem que a identidade que se impunha era essa indiscutível cumplicidade denunciada por essa muito comprida estrutura cheia de esponja muito colorida e esquartejada em pedaços. E quando pensávamos que um dia iriamos ser felizes ao lado de alguém, sempre acreditávamos que sim, a vida dar-nos-ia a pessoa ideal do outro lado dessa longuíssima almofada que por vezes ajudávamos a nossa mãe a enfronhar na hora de fazer a cama. Enfronhar, uma tarefa que não era objectivamente fácil. Também existiam travesseiros nas camas dos nossos avós e dos nossos tios, e nós também os conhecíamos bem dessas noites que eram especiais porque ficávamos em suas casas para que os nossos pais pudessem ir a alguma festa ou a algum baile, e pudessem regressar depois mais tarde a casa. Tal como os das c

SER

Eu sou a semente acendida na terra rasgada pela coragem dos meus avós, sou a raiz envolta pela esperança que choveu da ousadia e do querer de muita gente. Eu sou a voz e a palavra à solta por entre o eco de uma manhã de liberdade, sou o poema rebelde e doce tecido por um olhar cúmplice de todos os mares; e também pelas mãos "ásperas" que não se cansam nunca de me segredar o amor maior. Eu sou o passo certo e o incerto, o previsível, a diferença, sou o dia e a noite, sou água, vinho, riso, sou mágoa, sou poente, nascente, o instante, a eternidade; sou o nada e sou tudo no tudo da minha vontade. Eu sou um rio buscando o mar que abraça, sou barco, às vezes só jangada, e sou uma ilha, um Gama buscando as “Índias” que o seu querer lhe traça. Eu sou o grito que rasga os silêncios que doem, o abraço na morte da solidão, a gargalhada, a piada, sou o sim, o não que muda o tempo, a coragem, a paz, a festa; e às vezes… uma revolução. Eu sou o beijo que não mente, doce, ousad

RAMAGEM

Junto à porta da casa do forno colocaram há pouco os ramos já secos da esteva colhida pelos montes. O sol não apagou totalmente a sua resina e é intenso o aroma que se liberta pelo ar ou quando lhe tocamos mesmo que ao de leve na hora de nos escondermos enquanto brincamos. Não tardará muito e este mesmo aroma passará para o pão, e também para os bolos fintos que a mãe amassou e que esperam em grandes tabuleiros negros de metal, a sua vez de entrarem no forno. É santa esta quinta-feira de Abril, e daí até Junho será um curtíssimo salto no tempo. A nossa rua irá como sempre comemorar o São Pedro, e os serões que vão desde aqui até à véspera da festa serão passados no rés-do-chão da casa da D. Mariana Emilia a cortar e a enrolar papel que depois da ajuda de um arame muito maleável, tomará a forma de flores que oferecerão à rua um tecto colorido na hora de passar a procissão com o andor da imagem que sairá da igreja da Misericórdia. Mas antes, algum vizinho se encarregará de ir a

SIMPLICIDADE

“Olhai os lírios do campo”. Quem já leu o Sermão da Montanha, e também o livro inspirado do escritor Brasileiro Érico Verissimo que dele tomou título através exactamente desta frase, entende que a vida se tece pela escolha contínua entre o simples e o sofisticado, a autenticidade e os mantos e as segundas peles que nos calam a essência a favor da imagem com que nos “vendemos” aos outros. De forma consciente, eu “votarei” sempre na primeira opção. Quero ser um lírio ao sol temperando de roxo e de todas as minhas cores, o verde tom dos campos de Abril e primavera; quero “tomar” sem biombos, restrições ou barreiras, a poesia que o vento colhe das estevas e dos trigais para depois segredar ao ouvido de quem abraça a liberdade… Quero ser eu num lírio que ofereça brilho à semente que o criou e que cante glórias à chuva de tantos beijos que o fizeram assim… que me fizeram assim. A simplicidade… A mais divina simplicidade ou a opção por tão só sermos nós e sermos grandes por essa

QUADRO

Sobre o quadro negro muito salpicado pelo pó do giz, o professor Lima Martins pendurou uma paisagem que retirou há pouco e ao acaso de uma lata, um paralelepípedo gigante que está sempre encostado à parede oposta à das três enormes janelas. Vejo um riacho, uma árvore, ao longe, uma montanha… e começo a escrever a “Redacção”. Estou na quarta classe e escrevo como quem põe palavras naquilo que sonha. É um sábado de manhã e o Rijksmuseum está cheio de gente que quer despachar-se para ir ao Museu van Gogh, ou então gente cansada porque já veio de lá. Como no banco de uma movimentada estação de metro, sento-me e tenho a “Ronda da noite” só para mim, o privilégio do melhor jogo de sombras que conheço. E van Gogh… Também o espreito em Amesterdão mas prefiro vê-lo em Paris no Museu de Orsay. “A noite estrelada sobre o Ródano”, e tantos reflexos e palavras se soltam por entre o aroma a café que tomo depois no bar por detrás do enorme relógio da velha gare nas margens do Sena. Apon

PERMANECER

Com a força com que te quero, escavei a terra e abri valas muito profundas, coloquei uma estrutura em ferro, cimento, e construí os alicerces mais fortes de que há memória; da magia das palavras e dos gestos que me ofereces colhi a inspiração e desenhei as paredes, o telhado, as portas e as janelas, todas com uma vista desafogada para o melhor que a alma pode guardar; pintei de branco a fachada e também lhe ofereci um rodapé azul da cor do Tejo; decorei os recantos ao sabor do desejo, plantei árvores, fiz um jardim com canteiros e centenas de flores; e de seguida, convidei-te a morar no condomínio dos afectos que guardo em mim, nesta casa que é só tua. Moram aqui todos aqueles que contam para o todo que eu sou, e vivem em casas únicas e intransmissíveis; a tua fica situada na rua que baptizei de Rua da Verdade; uma via principal que cruza com a Rua da Ousadia e a da Liberdade. Aqui, todas as ruas são largas e permitem dançar à vontade enquanto se caminha ao sabor do riso; os pass

OPTIMISMO

Quem lamenta a “partida” do sol no final de cada tarde, talvez nunca se tenha predisposto a sentir os beijos que a lua oferece enquanto a noite nos envolve. Os beijos de onde nascem as mais inspiradas palavras de amor, que a alma é como as estrelas, e brilha de noite, à hora em que as guitarras choram de saudade e pedem a voz e a garra dos fadistas. E dessas noites ficam sementes que apodrecem depois à chuva e ao sol dos dias, tão só para que delas possam brotar as flores e os frutos pelos quais o Homem anseia. O Homem que se dobra para colher o trigo que lhe dá o pão e o faz caminhar de pé, o mesmo Homem que às vezes cai, e faz dessa queda uma pausa de repouso para retomar os seus dias com redobrada força. Da intensidade da “queda”, ou chamada, depende a capacidade de um atleta voar para o record do mundo num salto em comprimento ou em altura. Mas quem se fixar apenas na chamada dirá que um Homem caiu. As pedras que ruíram de uma casa onde vivíamos são a oportunidade para

UTOPIA

Vindo do Barreiro, o barco atracou há pouco na estação de Sul e Sueste, cumprindo essa nobre missão de oferecer um passo flutuante à gente que como eu tomou o comboio no Alentejo. Atravesso a rua, nunca deixando de espreitar o Campo das Cebolas e a Casa dos Bicos, e paro no Terreiro do Paço, no lado nascente, na paragem da carreira 39, um autocarro de dois pisos que irá até São Bento e me deixará à porta de casa no Príncipe Real. À minha frente a paragem dos eléctricos que virarão para a Rua do Arsenal, acelerando pelos carris para o Cais do Sodré e São Paulo. O meu autocarro tarda... Um dia, algures pelo futuro, mandarei instalar uma mesa aqui neste mesmo lugar onde me encontro agora, e num fim de tarde de nuvens que tinjam o céu de Lisboa com todas as cores, sentar-me-ei aqui a namorar com a criatura mais fantástica do universo. Dois "Hayman's" com água tónica e um pequeno mar de frutos vermelhos, ajudarão por certo a incendiar a tarde de onde emergirão as m

NÓS

O rolo de corda, os pedaços que vou cortando à medida, dobrando em dois e pendurando de uma argola branca de plástico que eu já pendurei no trinco de uma porta… três secções de quatro cordas cada, e posso começar a dar os nós. Às vezes escuto a música guardada num LP qualquer: Duran Duran, Fischer Z, Simon & Garfunkel, um Polystar de um ano qualquer, Eurovisão 1978 com as Baccara a representarem o Luxemburgo… Outras vezes deixo a “banda sonora” ao critério do rádio que vai tocando baixinho: Tina Turner, Sheena Easton, Olivia Newton John... Se os nós forem feitos sempre no mesmo sentido, a teia de corda que dele resulta enrola; mas se pelo contrário eu alternar o sentido, a teia fica direita. Vou deixando espaços sem nós entre cada uma destas teias. Com as mãos assim ocupadas, com a música a deixar-me de vez em quando uma palavra como mote, é pelo pensamento que sigo, qual marinheiro numa nau cruzando os mares… ao sabor dos nós. No final cruzo cordas de cada uma das tr

MEU

Nunca nada me pertencerá tão completa e legitimamente do que aquilo ou quem eu amo. Muito fala a gente sobre a posse daquilo que se adquire ou do que nos é oferecido. Serão coisas importantes ou não, serão muito ou pouco, bens móveis, imóveis, diamantes, tesouros… Cumpriremos todos os preceitos legais, não existirão dúvidas, exibiremos todos os comprovativos devidos em casos tais, tatuaremos os nomes nas fachadas; mas tudo permanecerá sempre como um satélite ao redor de nós. Pelo contrário, tudo e todos os que amo são parte de mim, vivem comigo no mais íntimo, no pensamento, na alma, são raízes profundas dos sorrisos ou do choro triste. Preciso deles para ser eu completo e inteiro, e cada pessoa que eu amo é uma célula indispensável para a construção do todo que eu sou. Sem ela… E depois há o pensamento pelo qual existimos e essa mais pura intimidade que temos para connosco próprios. Poderá existir algo tão ou mais intimamente meu do que o pensamento e tudo o que nele habit

LIBERDADE

Decorria a primavera de 1992 e eu cumpria o Serviço Militar na Farmácia do Hospital Militar Principal, no edifício da Casa de Saúde, à Estrela. Aspirante Oficial Miliciano, eu desempenhava com brio as funções de farmacêutico e preparava a medicação para os doentes dos diferentes Serviços Clínicos; entre eles um dos meus heróis e um dos maiores heróis do nosso tempo: Salgueiro Maia. Porque em Abril tudo acontece, e porque é nas manhãs de Abril que se ganha a liberdade e a eternidade, o "Capitão" partiu sem nunca saber que as mãos que lhe preparavam os medicamentos tomaram de si e por si uma nova sorte, entre cravos vermelhos e inevitavelmente... na sua… na nossa manhã de Abril. Os heróis marcam o tempo, rompem esquinas no previsível, cortam a História, e ali estávamos agora os dois com o Tejo ao fundo, ele o herói, e eu o filho do Artur que era barbeiro desde os dez anos e que um dia não pôde vir a Lisboa porque não tinha uns sapatos dignos para calçar. A liberdade..

DEUS

Jamais Te darei nome ou rosto, embora Te vislumbre na face mais perfeita e doce dos dias, Te sinta por entre o aroma das rosas e todas as flores, embora eu Te toque e abrace nos instantes todos em que a paz parece inundar-me o ser. Jamais Te fecharei nas cadeias da sumptuosidade que dá lustro ao meu poder, o dourado dos zimbórios ou dos minaretes que servem vaidades, arquitéctónicos troféus de guerras falsamente feitas em Teu nome, as cruzadas vãs de quem te “embrulha” em humanas condições. Jamais Te disfarçarei com as vestes da ilusão dourada de qualquer barroca moral que sirva os meus interesses e convicções; a moral que repele e confunde Pai com juiz, acolhimento com condenação, e confunde amor com a pérfida e triste submissão. Mas falo contigo, rezo-Te na mudez das palavras e das fórmulas, aquela que faz aforar e cantar os gestos e as atitudes, rezo nos beijos e nas palavras que dou aos que passam pelo tempo e pelo meu espaço, canto-Te glórias quando celebro a liberdade, qu

KNOWLEDGE

A Micaela Vanessa, em 2010, Miss Praia Cova do Vapor, apanhou um dia o cacilheiro, acenou ao Cristo Rei, e desembarcou no Cais Sodré. Depois… Do alto dos tacões de quinze centímetros virou-se para o Duque da Terceira, e confessou: - Vim à capital para mostrar o meu valor, agora vão ver como é que é. E rematou: - Queira o mundo ou não queira. Subiu ao Chiado, desceu ao Rossio; e já com a alma em êxtase, o corpo a sentir um calafrio, confirmou a morada nas páginas da “Ana mais atrevida” e... chegou: "BIMBY UNIVERSITY Mesmo que o seu QI seja sinistro você sai daqui ministro" Entrou. Uma gorda loura atrás de um guichet sorriu mostrando os implantes - Benvinda Micaela, a sua vida hoje mudou e nada será como antes. E prosseguiu: - Então qual é o curso que deseja? Temos direito, economia, relações internacionais, antropologia, gestão, farmácia... e alguns outros cursos mais. - Prontos... então é assim... como eu sou Miss Praia, não tenho namorado, e n