Jamais importará qualquer numérico detalhe com que baptizarmos o tempo…
O calendário assinala hoje a mudança de um ano velho para outro que chega com rótulo de novo, sendo tudo tão só e afinal, o fim de um dia e a chegada de outro dia. Jamais importará qualquer numérico detalhe com que baptizarmos o tempo no lógico e irreversível cumprimento da sua passagem, importa isso sim que os dias tenham o nosso nome inscrito nos benefícios nascidos do usufruto da mais doce liberdade. O meu… o nosso tempo. Perdi-me na contagem dos dias no exacto momento em que chegaste. Sinto apenas as estações a passarem por nós, palpando-as no frio ou no calor, nos aromas… em tudo o que se vai incorporando na aragem do Tejo, o rio que nos oferece as margens para sonhar. Sei que entrançámos as nossas histórias na primavera lilás dos jacarandás, sonhámos e tecemos os dias à luz de um pôr-do-sol de verão, partilhámos vontades por entre as castanhas compradas numa banca que o Outono trouxe ao Rossio, ensaiámos passos e abraços à chuva dos entardeceres de inverno,